Loba Solitária

   Sinto que sou uma Loba Solitária, almejando uma silhueta magérrima, em um mundo infestado por criaturas bestais e  hipócritas, que pregam autoaceitação e simultaneamente discriminam os ''imperfeitos''.
   Não me sacrificarei em nome da tolice de outrem.

   Mereço um corpo afinado como um violão, leve conforme uma melodia, e tão bonito quanto uma poesia!
   Sou digna de uma autoestima que se eleva tal qual o perfume pungente de uma roseira em uma manhã de primavera!
   Os meus jejuns são superiores às falácias dos estúpidos! Uma Loba não se compadece com as críticas das ovelhas. Quem nasceu para ser presa não é capaz de conquistar como um predador.

   A minha alegria, o meu prazer e as minhas realizações moram nos detalhes que somente as magras conhecem:

  ❤ Na curva da minha cintura em um vestido glamouroso.
  ❤ Nos elogios genuínos do meu amado.
  ❤ No vazio gentil entre as coxas que não se tocam.
  ❤ Na liberdade de um biquíni ousado.
  ❤ No beijo entre os colares e minhas clavículas proeminentes.
  ❤ Na sensualidade de uma lingerie rendada, que logo escorrega até o chão.
  ❤ No equilíbrio perfeito entre os meus pés e um par de scarpins de salto agulha.
  ❤ Nos olhares alheios de admiração.
  ❤ Na elegância do cruzar de pernas delicadas.
  ❤ Na suavidade de uma dança a dois.
  ❤ Numa noite de amor com o meu homem.

   É, eu conheço inúmeros motivos que tornam a vida bela, nenhum deles envolve comida.